quarta-feira, 26 de outubro de 2011

“Enciclopédia do saber relativo e absoluto” Post dedicado a Nuno M.


Depois de procurar o primeiro volume lá me lembrei.
Emprestei o primeiro volume ao meu mano novo (ele diz que não).

PRIMEIRO ARCANO – OS SENHORES DA MADRUGADA – Pag. 52

MEDO

“Para compreender a ausência de medo nas formigas é preciso ter bem presente que o conjunto do formigueiro vive como um organismo único. Cada formiga representa aí o mesmo papel que uma célula do corpo humano.
As extremidades das unhas receiam, por ventura, serem cortadas?
Os pelos do queixo começam a tremer quando a maquina de barbear se aproxima?
O nosso tornozelo fica cheio de medo quando o obrigamos a experimentar a temperatura de um banho, se calhar a escaldar?
Não sentem qualquer medo porque não existem como entidades autónomas. Da mesma forma que a nossa mão direita não sentirá qualquer rancor se a esquerda a beliscar. Se a nossa mão esquerda estiver mais enfeitada de anéis que a mão direita, também não será por isso que vai haver ciumeiras. Acabam-se as preocupações quando uma pessoa se esquece de si para só pensar no conjunto da comunidade/organismo. Talvez resida aí um dos segredos do êxito social do mundo das formigas”

SEXTO ARCANO – O IMPÉRIO DOS DEDOS – Pag. 408

TERMITAS/FORMIGAS


“Tem acontecido às vezes encontrar-me com cientistas especialistas em térmitas. Dizem-me que as minhas formigas são certamente muito interessantes, mas que não alcançaram ainda nem metade do que as térmitas já conquistaram.

É verdade.

As térmitas são os únicos insectos sociais, seguramente mesmo os únicos animais que conseguiram criar uma SOCIEDADE PERFEITA.
As térmitas organizam-se numa monarquia absoluta onde cada individuo se sente feliz por servir a sua Rainha, onde todos se compreendem, se entreajudam, onde ninguém alimenta a menor ambição ou a menor preocupação egoísta.

É com toda a certeza na sociedade térmita que a palavra SOLIDARIEDADE ganha o seu sentido mais profundo. Talvez porque a térmita foi o primeiro animal a construir cidades, há já mais de 200 milhões de anos atrás.

No entanto é no seio do próprio sucesso que reside a sua perdição. O que é perfeito por definição, não pode ser aperfeiçoado. A cidade térmita, portanto, ignora tudo o que seja pôr alguma coisa em questão, qualquer revolução, qualquer perturbação interna.

É um organismo puro e só, que funciona tão bem, que não faz mais nada senão fluir a sua felicidade, por entre os corredores trabalhados, construídos com um cimento extremamente sólido.

Em contrapartida a formiga vive num sistema social muito mais anárquico. Progride ao cometer erros e começa sempre por cometer erros em tudo o que empreende. Nunca fica satisfeita com o que possui, experimenta tudo, mesmo com perigo da própria vida.

O formigueiro não é um sistema estável, mas sim uma sociedade onde se tateia permanentemente, testando todas as soluções, mesmo as mais aberrantes, arriscando por vezes a própria destruição.

Aqui está mais uma razão a acrescentar a todas as que me fazem preferir interessar-me mais pelas formigas do que pelas térmitas.

Pesquisas recentes demonstraram que um terço da biomassa animal e da floresta amazónica era composto por formigas e térmitas. E isto na proporção de oito formigas para uma térmita”

Desculpa meu caro Edmund Wells, pois passados 20 anos de ler a tua enciclopédia copiei 2 páginas.

A razão é nobre e certamente entendes o que digo quando afirmo que estou apenas a tentar dar a conhecer uma maneira diferente de pensar.

Peço-te igualmente desculpa por passados 20 anos ainda não ter lido o ultimo livro da saga, mas só encontro a versão em Brasileiro e com todo o respeito pelos nossos amigos brasileiros e pelo acordo ortográfico, até ver vou aguentando.
Nota - só em 2009 tive conhecimento da versão em brasileiro do 3º volume…
Até quando vou aguentar?

2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho naturalmente que agradecer a dedicatória.
Valeu !!!
Ass: NM

Portugal Bipolar disse...

A quem leu este post e possa ter passado despercebido, eu peço para pararem e pensarem na seguinte frase "um terço da biomassa animal e da floresta amazónica era composto por formigas e térmitas. E isto na proporção de oito formigas para uma térmita”