Olá Mariana, o meu nome é João.
A grande vantagem das cartas abertas é
que vamos falar sobre a dívida, ponto.
Como dizia o meu pai:
- “Filho, quer queiras quer não queiras serás
bombeiro voluntário.”
Vamos a isso? Então vamos lá.
Compreendo a argumentação do B.E.
sobre a Dívida, mas não concordo, como em economia no Bloco a tua palavra é no mínimo
ouvida resolvi escrever-te esta carta.
No fundo entendo que a mensagem não
passa, julgo que o Bloco deveria dizer exactamente o mesmo, de maneira
completamente diferente.
Perante um valor de ± 230 mil milhões
de €uros (130% do PIB) o Bloco propõe um perdão de 60%, passando a divida para
92 mil milhões de euros (52% PIB).
Não compreendo como pode o Bloco
defender um perdão da dívida de 60%!
Não entendo eu e não entende a maioria
da população.
Como sabes somos um povo orgulhoso e
quando se ouve falar em perdão da dívida o pessoal não gosta.
Sabes Mariana a verdade é que a
Argentina conseguiu negociar com 90% dos credores um perdão de dívida de 70% e
mesmo assim está cheia de problemas.
Mariana, assim não dá! Por este
caminho, se agora estamos de joelhos ficaremos de rastos.
O Povo tem de perceber a mensagem,
porque a força vem do povo.
Depois, com a força do povo e a experiência grega na bagagem, vamos falar com a Europa sobre a Dívida.
Pagamos sempre tudo! Tudo! Tudo! Tudo!
Podemos pagar em Euros e podemos pagar
em escudos, mas pagamos sempre tudo.
Hipótese A (Pagamento em Euros)
·
Portugal assume
que paga toda a dívida pública em €uros à taxa do BCE que actualmente é de
0.05%.
·
Quando o BCE
aumentar a Taxa de referência, Portugal suportará os juros da dívida até ao máximo
de 1% ou 2.3 mil milhões de €uros.
·
Quando a economia
crescer acima dos 3% ao ano, Portugal comprometesse a pagar os respectivos
juros e parte da dívida acumulada.
·
Acima de 3%
crescimento do PIB ao ano a divida será saldada à razão de (1/3 Investimento; 1/3 Boa Governação e 1/3 Pagamento da dívida)
É simples e pagamos sempre tudo!
Os credores não aceitam? Bem então pagamos
tudo na mesma.
Temos de passar para a hipótese B (Pagamento
em Escudos)
Pagamos sempre tudo, não aceitam em euros
pagamos tudo em escudos no dia em que sairmos do euro.
Assim, Mariana, assim o povo entende, lá está,
pagamos tudo!
Quem sabe qual o perdão da dívida necessário para
Portugal funcionar? Tu? Eu? O futuro governo? Os Credores? São 60%, são 70%?
Não Mariana, não…
Quando um devedor e um credor se encontram
para renegociar a dívida é porque o devedor não consegue pagar.
Na negociação o devedor tenta cortar o máximo para
pagar menos e os credores tentam cortar o mínimo para receberem o máximo possível,
é sempre assim.
Então entre posições antagónicas onde estará o
valor justo?
Se um quer pagar menos e o outro quer receber
mais qual será o valor justo?
Só o mercado sabe dar essa resposta!
O valor mais justo para ambos será o valor
ditado pelo mercado, mas como saber o valor justo? Vamos perguntar ao mercado?
Claro que não! Mariana, Portugal na negociação
paga tudo em Escudos, ou seja, como entramos no euro a 200.482 Escudos por
€uro, pararemos por cada 1000 Milhões de €uros de dívida 200,482 milhões de
contos ou 200,482 biliões de escudos.
Pagamos a dívida a 100% aos credores, quando
eles trocarem a divisa que receberam em escudos por Euros; Dólares ou outra divisa qualquer, terão o desconto que o mercado considerar justo.
Todos os credores recebem a 100%, podendo
trocar os escudos por outra moeda qualquer, podem receber no dia, podem guardar
e receber a 10 anos ou optar por reinvestir tudo em Portugal.
A verdade será sempre a mesma, podem fazer
melhor ou pior negócio,
se decidirem trocar as divisas recebidas em escudos por outras moedas, irão
receber o corte que o mercado considerar justo se reinvestirem em Portugal o corte será ZERO + Inflação.
E se o mercado diz que é justo, qual é a contra-argumentação?
E se Portugal pagou 100% da dívida e o mercado
diz que é justo, qual é a contra-argumentação?
OS Estados Unidos imprimem dinheiro, pagam;
investem, dá para tudo.
Os Ingleses e Japoneses fazem o mesmo.
Como Português não me revejo com menos
direitos.
Vamos lá mudar o discurso, pode ser?
Mariana, alguma duvida é só apitar.
Um Abraço,
João
2 comentários:
O que a menina Mortágua precisa é trabalhar para aprender o que custa a vida. Claro que ela está habituada a fazer parte dos inúteis deputados que nos rodeiam é que continuam a viver à nossa custa.
Concordemos ou não, e eu não concordo, num país livre, todos temos direito a opinar.
O problema são aqueles países em que o "Rei" fala e concordam todos a 100%, com votações de aprovação perto disso.
É a discutir ideias, por vezes contrárias, que o mundo pula e avança...
Na minha opinião a nossa amiga Mariana, já teve horas mais felizes.
Cumps,
Jony(-h)
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