terça-feira, 22 de novembro de 2016

5 semanas de discussão sobre a Caixa Geral de Depósitos e os jornaleiros do costume.





Primeiro foram os ordenados milionários, foi assunto para uma semana.

Ficamos todos escandalizados com os 423 mil euros anuais de ordenado, um absurdo para um país com ordenado mínimo de 557€ (Jan 2017).

O mesmo país que convive confortavelmente com ordenados de futebolistas de 3 milhões.

3 milhões para dar pontapés numa bola, tudo bem! Meio milhão para gerir o maior banco português é um absurdo.

Depois, como a noticia não ganhou tracção passamos para as declarações de rendimentos.

Já entregou? Não entregou? Vai entregar? Divagação para cá, divagação para lá todos os dias temos notícia.

Eu, preferia gastar o tempo a saber a razão pela qual o estado injectou 1.65 milhões de Euros na Caixa em 2012 e agora vai novamente abrir os cordões à bolsa e vomitar mais 5 milhões de Euros.

Sim, eu sei que são imparidades.

Sei igualmente que houve especulação com o BCP, com dinheiro da caixa.

Milhões para comprar acções! Quem aprovou empréstimos com fracas garantias a Joe Berardo superiores a 300 milhões?

Quem aprovou o financiamento megalómano da Artlant?

300 milhões para Vale do Lobo?

271 milhões para a Auto-Estradas Douro Litoral?

Estes empréstimos obrigatoriamente tem o crivo de todo o conselho de administração!

237 milhões para o grupo espirito santo? Quem aprovou isto?

Os espirito Santo tinham 1 banco! Mas como não podiam emprestar a eles próprios, a Caixa facilitou 237 milhões pro bono. Quem aprovou isto?

E os 225 milhões para o grupo Lena?

O nosso amigo António Mosquito, consegue 338 milhões?



E agora temos mais um grupo de administradores com reformas douradas? E toma lá a conta de 7 mil milhões de Euros?

Isto só em juros anuais são 220 milhões! Visto que é valor para engrossar a divida! Que tenho de pagar juros!

E passamos 5 semanas a falar de ordenados e entrega de declarações?

Não será tempo de acordar e exigir explicações?

Continua a existir paciência para o jornalismo vigente?



5 semanas de discussão frívola não chega?




sábado, 19 de novembro de 2016

A Inês tem um chapéu!



Ser pai, não é tarefa fácil…

Estávamos num final de dia, igual a tantos outros.

Chegada a altura de ir buscar a Inês à cresce, o papá tinha uma decisão a tomar, todas as decisões acarretam as respectivas consequências e esta não era excepção.

Deveria ir a pé, ou de carro? Ponderação para cá, ponderação para lá, olhando para a bifurcação, a decisão estava tomada!

Vou a pé!

A escola fica a ± 800m de casa e retirar o carro, bem estacionado, no centro de Lisboa, às 6.00H da tarde não é tarefa fácil.

Até porque, passados 10 minutos, essa decisão traz consigo novos problemas, encontrar novo lugar para estacionar o automóvel.

Depois de grande ponderação, foi tomada a decisão.

Vou a pé!

Não chovia, nem fazia sol, o tempo estava indefinido.

No caminho para a cresce, olhando para as nuvens, sentia-me confortável com a decisão tomada.

Hoje, não vai chover!

Menos um problema.

Cheguei à escola, cumprimentei os meninos e educadoras, recolhendo o meu tesouro.
Despir a bata, vestir o casaco e já está!

Vamos para casa.

 - Pai, pai, posso levar o chapéu?

 - Para quê? Não está a chover…

  - Não faz mal, pai, amanhã trago outra vez.

Ao sair da cresce, reparo que o tempo sofreu uma ligeira modificação.
Passaram a cair umas pingas…

Reparei, nos breves segundos que passaram, que a chuva veio para ficar.
Decisões, decisões…

 - Inês, abre o chapéu e vamos embora!

Caminhamos alegremente, durante 70m a 80m, até encontrar refugio no prédio mais próximo.
Numa questão de minutos, o que era uma chuva miudinha, passou a descarga de água.

Como dizia a minha mãe ou avó, “chovia que DEUS a dava!”.

Mais um problema.

Uma pausa, antes de nova tomada de decisão, nunca foi para mim um problema, desta vez, a desculpa foi um cigarro.

Fumo um cigarrinho, e a chuva vai acalmar certamente.

Fumando para cá, fumando para lá, a constatação era óbvia…

 - Estou encavado, isto não vai parar, cada vez chove mais!

Soluções?

 - Bem, tenho um chapéu para criança e duas pessoas para transportar, kispos? Não há…
Esperar não é opção…

Enquanto fumava, aproveitei para dar uma volta na máquina do tempo, coisa a que recorro hebdomadariamente, quando tenho um problema, olhar para o passado, para aprender com erros cometidos.

São maneiras de ser, ou de estar, cada um tem as suas.

Aterrei em 1976, no caminho que fazia para a escola primária, a maior alegria que existia para um miúdo de 6 anos era experimentar as galochas novas!

Sim, na altura estava na moda, as galochas de borracha, que permitiam aos meninos passar pelas poças e manter os pés secos.

Todos os meninos que tiveram essa experiência sabem que o divertido é passar com as galochas pelas poças, chapinhando o mais possível!

Não existe melhor maneira de saber se o calçado é, ou não, à prova de água.

Voltando a 2016, entendi que a solução passava por transformar o problema, numa simples brincadeira de crianças.

Percorrer 800m a brincar na chuva era a única solução, telemóvel, para variar, não estava comigo, sendo impossível pedir ajuda…

Como ferramentas de apoio tinha um chapéu com 40cm de diâmetro…

A solução foi por a Inês às cavalitas do pai e o chapéu, que cobria a Inês, teria de tapar o papá o melhor possível.

Com o início da caminhada reparei que o barulho da chuva intensa estava a encolher a menina, não estava a ser uma viagem agradável.


  - Inês, vamos cantar uma musica?
 - Qual papá?

 - Sei lá, uma nova, tipo isto:

   A Inês tem um chapéu,
  Um chapéu muito lindo,
  Que tapa a Inês,
  E tapa o papá…

No percurso até casa, o sorriso da menina, depois de acabar o verso, abafava por completo o barulho da chuva.

Qualquer canção, cantada em sintonia é para os meninos um prazer.

Pena é, que não chova mais vezes, à saída da escola, para que a brincadeira se repita!

Palavra de Inês!


PS – Post dedicado aos novos papás e mamãs de Fevereiro de 2017!



sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Ordenados da administração da CGD e a espuma dos dias.

Anda Portugal indignado com os vencimentos estapafúrdios da nova administração da CGD.

Compreendo perfeitamente! Onde é que já se viu? O Administrador da Caixa vai ganhar 423.000€ de salário por ano.

Noticia para cá, noticia para lá, andamos nisto vai para 3 semanas.

Todos os dias temos notícia, pode ser se declaram, ou não, o património, pode ser o numero de administradores, o seu vencimento, é esta a discussão.

Ganha mais que o presidente entre outro tipo de considerações igualmente engraçadas, comparar este ordenado com o salário mínimo, entre outras pérolas.

Estamos certamente num país de faz de conta e de demagogia.

Estamos a falar de um ordenado de 30.000€ x 14 meses, só isso… Para gerir o maior banco de Portugal.

Depois de lhe aplicarmos o IRS 45% + 3% de sobretaxa e 11% de descontos para a Segurança Social, fica pouco mais de 12.000€ para levar para casa.

É este o escândalo nacional! Isto acontece no mesmo país, onde jogadores de futebol ganham 1.2 milhões de Euros limpos por ano, para darem pontapés numa bola.

Isto já é normal! Até porque negociar ordenados limpos com os jogadores é a ultima oportunidade que resta aos clubes para tentar reter os seus melhores.

Casos de Adrien Silva e Rui Patrício no SPORTING, que é dos 3 grandes o que menos paga…

Se falarmos de Benfica e Porto, os ordenados limpos dos melhores jogadores chegam a 3 milhões LIMPINHOS. Mas isso é tudo normal.

O que não é normal é este ou aquele administrador levar para casa 172.000€ por ano + prémios!

Um futebolista ganhar 1.2 a 3 milhões limpos por ano, não escandaliza ninguém.



A Tugolândia no seu melhor!