Ser pai, não
é tarefa fácil…
Estávamos
num final de dia, igual a tantos outros.
Chegada a
altura de ir buscar a Inês à cresce, o papá tinha uma decisão a tomar, todas as
decisões acarretam as respectivas consequências e esta não era excepção.
Deveria ir a
pé, ou de carro? Ponderação para cá, ponderação para lá, olhando para a
bifurcação, a decisão estava tomada!
Vou a pé!
A escola
fica a ± 800m de casa e retirar o carro, bem estacionado, no centro de Lisboa,
às 6.00H da tarde não é tarefa fácil.
Até porque,
passados 10 minutos, essa decisão traz consigo novos problemas, encontrar novo lugar
para estacionar o automóvel.
Depois de
grande ponderação, foi tomada a decisão.
Vou a pé!
Não chovia,
nem fazia sol, o tempo estava indefinido.
No caminho
para a cresce, olhando para as nuvens, sentia-me confortável com a decisão
tomada.
Hoje, não vai
chover!
Menos um
problema.
Cheguei à
escola, cumprimentei os meninos e educadoras, recolhendo o meu tesouro.
Despir a
bata, vestir o casaco e já está!
Vamos para
casa.
- Pai, pai, posso levar o chapéu?
- Para quê? Não está a chover…
- Não faz mal, pai, amanhã trago outra vez.
Ao sair da
cresce, reparo que o tempo sofreu uma ligeira modificação.
Passaram a
cair umas pingas…
Reparei, nos
breves segundos que passaram, que a chuva veio para ficar.
Decisões,
decisões…
- Inês, abre o chapéu e vamos embora!
Caminhamos
alegremente, durante 70m a 80m, até encontrar refugio no prédio mais próximo.
Numa questão
de minutos, o que era uma chuva miudinha, passou a descarga de água.
Como dizia a
minha mãe ou avó, “chovia que DEUS a dava!”.
Mais um
problema.
Uma pausa,
antes de nova tomada de decisão, nunca foi para mim um problema, desta vez, a
desculpa foi um cigarro.
Fumo um
cigarrinho, e a chuva vai acalmar certamente.
Fumando para
cá, fumando para lá, a constatação era óbvia…
- Estou encavado, isto não vai parar, cada vez
chove mais!
Soluções?
- Bem, tenho um chapéu para criança e duas
pessoas para transportar, kispos? Não há…
Esperar não
é opção…
Enquanto
fumava, aproveitei para dar uma volta na máquina do tempo, coisa a que recorro hebdomadariamente,
quando tenho um problema, olhar para o passado, para aprender com erros
cometidos.
São maneiras
de ser, ou de estar, cada um tem as suas.
Aterrei em
1976, no caminho que fazia para a escola primária, a maior alegria que existia
para um miúdo de 6 anos era experimentar as galochas novas!
Sim, na
altura estava na moda, as galochas de borracha, que permitiam aos meninos
passar pelas poças e manter os pés secos.
Todos os
meninos que tiveram essa experiência sabem que o divertido é passar com as
galochas pelas poças, chapinhando o mais possível!
Não existe
melhor maneira de saber se o calçado é, ou não, à prova de água.
Voltando a
2016, entendi que a solução passava por transformar o problema, numa simples
brincadeira de crianças.
Percorrer
800m a brincar na chuva era a única solução, telemóvel, para variar, não estava
comigo, sendo impossível pedir ajuda…
Como
ferramentas de apoio tinha um chapéu com 40cm de diâmetro…
A solução
foi por a Inês às cavalitas do pai e o chapéu, que cobria a Inês, teria de
tapar o papá o melhor possível.
Com o início
da caminhada reparei que o barulho da chuva intensa estava a encolher a menina,
não estava a ser uma viagem agradável.
- Inês, vamos cantar uma musica?
- Qual papá?
- Sei lá, uma nova, tipo isto:
A Inês tem um chapéu,
Um
chapéu muito lindo,
Que tapa a Inês,
E tapa o papá…
No percurso
até casa, o sorriso da menina, depois de acabar o verso, abafava por completo o
barulho da chuva.
Qualquer
canção, cantada em sintonia é para os meninos um prazer.
Pena é, que
não chova mais vezes, à saída da escola, para que a brincadeira se repita!
Palavra de
Inês!
PS – Post dedicado aos novos papás e
mamãs de Fevereiro de 2017!
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