Depois de iniciarmos o Armazenamento de electricidade no capítulo anterior chegou a altura de falarmos de armazenamento de gás e restantes combustíveis.
O mercado Português anda corrompido e os preços a pagar por gasolina ou gasóleo por particulares e empresas revelam isso mesmo, conforme foi amplamente detalhado (aqui 21 de Julho de 2011)
Normalmente este espaço não só aponta os erros cometidos como se procuram soluções…
Soluções
Criar armazenamento para combustíveis
com ligação aos portos de Sines e leixões com capacidade de armazenamento para
(3 meses).
A construção das ligações entre as
refinarias existentes da Galp e os novos postos para armazenamento de
combustíveis é uma decisão de investimento da Galp…
Actualmente
qualquer bomba de combustíveis não tem alternativa, compra o seu combustível
nas refinarias da Galp adicionando posteriormente os aditivos que diferenciam
as várias marcas.
Sendo o
preço de venda livre está sempre condicionado à partida pois é a Galp que fixa
o preço à saída das suas refinarias limitando a possibilidade de concorrência e
prejudicando milhões de clientes sejam particulares ou empresas.
Com os novos
portos de armazenamento de combustível são igualmente lançados concursos
internacionais para aquisição de combustível que é armazenado, serve de reserva
para Portugal e serve para promover a concorrência pois a Galp pode concorrer
mas tem de concorrer com o preço mais baixo e todas as outras empresas passam a
ter alternativa no seu abastecimento comprando nas refinarias da Galp ou nos
postos de armazenamento.
Com esta
medida os preços do combustível passam a reflectir preços de mercado
verdadeiramente concorrencial coisa que actualmente não acontece.
Falta o Gás…
Foi com uma
das boas notícias de 2011, nem tudo foi mau…
Com a conclusão das obras, prevista
para Junho de 2012, o terminal de Sines irá ter uma capacidade de armazenamento
de 390 mil metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL), num investimento
orçamentado em 197 milhões de euros. São mais 4 cavernas!
O problema é
que pensamos sempre pequenino, meus amigos não são mais 4 são mais 40! Ou 80!
Isto numa 1ª
fase…
Chegou
novamente o inverno em força ao centro da Europa e novamente a Europa treme com
a redução do abastecimento de gás russo!
Não é a primeira
vez que isto acontece e não será certamente a última!
A Posição
geográfica de Portugal é estratégica, não me canso de o repetir.Grande parte dos nossos solos tem boas características para armazenamento em cavernas (300m/h x 70m/Ø) a capacidade de 100.000m³/hora de injecção nas cavernas para reserva e com Capacidade máxima 300.000m³/Hora de extracção para entrega em gasoduto.
Para a Europa não estar dependente do gás russo ou de outros ícones da democracia como o Cazaquistão ou Uzbequistão ou países árabes ,Portugal pode perfeitamente contribuir para a solução de energia.
O novo gasoduto
proveniente do Cazaquistão tem a capacidade de 12 mil milhões de m³/ano ou
perto de 33 milhões de m³/dia ou perto de 1400 milhões de m³/hora.
Este novo
gasoduto fornece 15% a 20% das necessidades europeias, não chega nem para as
necessidades de Espanha que são de 15 mil milhões de m³/ano
Cada caverna
tem 300m de altura por 70m de diâmetro=4618 milhões m³ se Portugal para
necessidades internas tem 4 cavernas e capacidade de extracção de
300.000m³/hora (complexo do carriço) mais 3 cavernas em Sines.
Portugal
neste momento tem 7 cavernas 4 em Pombal e 3 em Sines. Acrescentando mais 80
cavernas numa primeira fase e capacidade de extracção adicional de 600.000m³
hora já pode fornecer 5.3 mil milhões de m³/ano.
Com 4 grupos
de 80 cavernas com capacidade de extracção de 600.000m³/Hora Portugal poderia
abastecer a Europa até 25% do gás que necessita, são apenas 900 Kms de gasoduto
para atravessar a Península Ibérica! Muito menos que os 3.300Kms do novo
Gasoduto de Nabucco!
Com esta
capacidade a Europa poderia adquiria gás a qualquer país produtor (ver gráfico)e descarregar
nos Portos portugueses. Portugal e Espanha são democracias a capacidade de gás
injectada em Portugal poderia ser aumentada por Espanha que recebe gás de Marrocos
por gasoduto.
“O
presidente do Turquemenistão, Kurbanguly Berdymukhamedov, anunciou estar
interessado em aderir ao gasoduto Nabucco que não tem ainda fornecedores
garantidos e que estará pronto em 2014. Uma explosão no gasoduto que fazia
escoar a matéria-prima turquemena para a Rússia, em Abril, fez cessar as
exportações do país. Ashkabad acusou Moscovo de estar por detrás do ataque e
agora vê o projecto Nabucco, com outros olhos. O gasoduto vai ter uma extensão
3 mil e trezentos quilómetros e atravessa cinco países. A Turquia, a Bulgária,
a Roménia, a Hungria e a Austria assinam a parceria esta segunda-feira. O
projecto tem um custo estimado de 8 mil milhões de euros e prevê exportações de
gás do Iraque, do Irão, do Egipto, do Azerbeijão e do Turquemenistão. Nabucco é
visto pela União Europeia como sendo de máxima importância para reduzir a
grande dependência do gás russo. Nos últimos invernos, face a desentendimentos
entre Kiev e Moscovo, registaram-se vários cortes no fornecimento da
matéria-prima”
Só resta
portanto falar de dinheiro…Cada caverna com 300m de altura por 70m de diâmetro custa entre 30 a 35 milhões.
Na primeira fase 80 cavernas, não contando com economia de escala custaria 2800 milhões de Euros.
Com 11 mil milhões de Euros seria possível construir 4 grupos de 80 cavernas com capacidade de injectar na rede 58 milhões de m³/dia, não são necessários 3300Kms de gasoduto chegam perto de 900Kms…
Como os navios actuais transportamos facilmente entre 500 a 700 milhões de m³ de GNL (Gás Natural Liquefeito) necessitamos portanto de ter visitas nos nossos portos 2 a 3 vezes por mês com gás comprado em qualquer parte do mundo para poder abastecer a Europa com mais de 25% das suas necessidades.
Quando a europa negoceia em conjunto 25% das suas necessidades anuais, qual o preço final a pagar pelo Gás?
Faltam as
regras para que o negócio avance.
1. Todas as empresas de armazenamento de
gás ou combustível que se instalem em Portugal gozam das mesmas condições
proporcionadas às empresas de armazenamento de electricidade, ou seja, pagamento
de 10% de IRC + 3.75% para os seus trabalhadores.
2. Independentemente das empresas que
venham a explorar os futuros pontos de armazenamento com 80 cavernas cada, o
preço a pagar por Portugal será negociado em conjunto.
3. Como as necessidades de Portugal são
irrisórias comparados com a nossa capacidade de armazenamento será dado acesso
a todas as empresas Portuguesas a preços nunca superiores em 10% ao preço pago pelo
gás importado.
4. Será oferecido um preço preferencial
a qualquer empresa que queira negociar no mercado doméstico vendendo o gás a
clientes particulares não podendo o preço final ser superior em mais de 15% do
preço de compra(+IVA).
5. Só será possível concorrer às novas
zonas de armazenamento de gás ou combustíveis empresas que se instalem em
Portugal, pagando aqui os seus impostos. Para todas estas empresas o IRC é de
10% e as restantes condições serão iguais às condições proporcionadas pela
Holanda.
7 comentários:
Boa tarde.
A existencia das reservas de 3 meses de combustiveis já existem. Apenas não se encontram em PT por causa da Lei Robin dos Bosques. Fisicamente não está em PT mas "contabilisticamente" está. Procure EGREP.
Cumpts, SMVC
O preço de venda dos combustíveis revela a ganância do Estado Português. Repare:
- IVA,
- ISP,
- IVA sobre todos os fornecimentos que os fornecedores fazem às petrolíferas,
- ordenados completamente descriminadas nas petrolíferas, com o consequente IRS, SS,
- 22,5% de SS pagos directamente pelos empregadores ao Estado,
- impostos sobre o crede importado,
- ... etc, etc, etc, ....
mas para simplificar sugiro que divida o preço de um barril de petróleo pelos número de litros de crude que o compõem. Parece razoável que o Estado Português ganhe mais com isto do que o país produtor de petróleo? A mim não... A receita para baixar o preço é simples: baixem os impostos.
Boas!
Enquanto todas as empresas comprarem gasolina e gasóleo nas refinarias da Galp os preços em Portugal não reflectem a concorrência que poderia haver no sector.
Sobre a AGREP...
Portaria n.º 711/2011
O Decreto-Lei n.º 10/2001, de 23 de Janeiro, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 339-D/2001, de 28 de Dezembro, prevê, no seu artigo 10.º, que as entidades obrigadas a constituir reservas de petróleo possam ser autorizadas, por motivos de força maior, a substituir, total ou parcialmente, essa obrigação de manutenção de reservas próprias pelo pagamento do montante correspondente à EGREP, Entidade Gestora das Reservas Estratégicas de Produtos do Petróleo, E. P. E.
Ao abrigo desta disposição, a Scalea Combustíveis, Lda., requereu tal autorização, excepcionalmente, pelo período de 12 meses, invocando falta de capacidade de armazenagem própria em território nacional.
Assim:
Ao abrigo do n.º 2 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 10/2001, de 23 de Janeiro, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 339-D/2001, de 28 de Dezembro:
Manda o Governo, pelo Secretário de Estado da Energia, o seguinte:
1.º É autorizada a Scalea Combustíveis, Lda., a efectuar a totalidade das reservas de petróleo a que se encontra obrigada na EGREP, Entidade Gestora das Reservas Estratégicas de Produtos do Petróleo, E. P. E., mediante pagamento do montante correspondente, por ter sido reconhecida a falta de capacidade de armazenagem em território nacional.
2.º A autorização a que respeita o número anterior é concedida pelo prazo de 12 meses, a partir de 12 de Agosto de 2011.
18 de Agosto de 2011. -
boas tardes,
Gosto bastante dos teus comentários jonny, mas infelizmente por vezes cometes algumas imprecisões.
Falas da chegada de navios cheios de gás a Sines como se eles fossem criados como bolhas no mar alto, mas a realidade não é esta.
o gás de nabuco é só tirar do solo e mandar para o gasoduto, e com todos os problemas de quem chucha mais para o gás passar no seu terreno, fica irremediavelmente mais barato do que retirar o gás da terra liquefazê-lo, colocar em barcos, chegada a Sines e a regaseificação.( já para não falar de riscos associados ao seu armazenamento ).
quanto a gasolina, opa somos uma mercado secundário e as petrolíferas estão-se a cagar para a gente!!
o retorno que teriam nisso não lhes compensa
Boas Kumba,
Realmente esse é o ponto mais difícil de contornar estava na expectativa de quem iria tocar nesse assunto.
Não a questão de carregar os barcos com GNL pelo que pesquisei o maior pode chegar a 700 Milhões de m³ julgo que para Portugal o ideal acaba por ser barcos com 400 milhões de m³ cada ilha com 80 cavernas de 300m x 70m de Ø leva 367 milhões!
O problema é descarregar dos barcos...
A Galp nos reservatórios de superfície pode injectar na rede 900 mil de m³/hora e nos reservatórios subterrâneos injecta na rede a 300 mil de m³/hora.
Para descarregar dos barcos necessita-mos de ter no mínimo 2,4 milhões de m³/ hora o que permitia descarregar um barco de 400 milhões de toneladas em quase 6 dias...
O ideal seria capacidade de descarga de 6 milhões de m³/Hora o que permitia descarregar em 66 horas...
O Gás do nabucco chega à Europa à razão de 12 mil milhões de m³/ano...
Isso dá 1milhão e 369mil m³/Hora.
Cada ilha de que falei pode fornecer gás à Europa nestas quantidades durante 13 dias.
Reconheço porem que este post tem de ser complementado tenho de pesquisar mais sobre capacidade máxima de extracção de gás nos portos (o Brasil tem apostado nisso depois de reconhecer que o gasoduto não era seguro nos seus abastecimentos).
Só mais uma...
O gás do Nabucco passa por 5 países antes de chegar à Alemanha, todos esses países recebem por isso.
Para chegar a Grança vindo de Portugal o Gás só passa por 2 países...
Rede de transporte de gás existente em 2012 http://www.ren.pt/SiteCollectionDocuments/Investidor/Relat%C3%B3rios%20Anuais/2010/pt/ARENnumrelance/Gasnatural2.html
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